Capítulo 14
Emilie
Na manhã seguinte quando cheguei à escola estavam todos a preparar a festa do inicio do ano.
- Milie ainda bem que chegaste! – disse a Mia. – Preciso que vás ter com a Becca e a ajudes a distribuir estes panfletos.
Ela entregou-me os panfletos e eu fui ter com a Becca.
- Bom dia. – disse ela.
- Olá. – disse eu desanimada.
- Então?
- Ele não ligou. – disse-lhe eu. – Nem mandou um sms. Tenho de parar de falar disto, eles nunca gostam de sms.
- São importantes para um relacionamento. – disse a Becca.
- Não é? – perguntei. – A Mia estava errada mesmo assim.
- E quando foi que ela acertou?
- Não estou pronta para um relacionamento Becca.
- E quem é que está?
- Pelo menos eu expus-me.
- É assim que tu chamas?
- O que queres dizer? – perguntei-lhe.
- Estás sempre a arranjar um motivo para não fazer as coisas. Tu demonstraste-lhe o que sentias não tens que te sentir exposta.
- Então porquê que sinto?
- Isso é um problema que tens de ser tu a resolver, e eu até tenho uma ideia. Hoje vai começar uma feira em Portland e nós vamos nos divertir bastante lá.
- Becca…
- Já está decidido.
Quando chegou à noite fomos todos para Portland. A feira estava fantástica, nunca tinha vindo a uma feira com os amigos.
- Milie! – ouvi uma voz chamar-me e quando me virei vi o Tom.
- Tom? O que estás aqui a fazer? – perguntei-lhe.
- Vim ver a feira com os meus amigos.
- Eu também.
- E estás a gostar?
- Sim.
- Olá. – disse a Mia para o Tom.
- Olá Mia. – disse ele.
- Anda juntar-te a nós Tom.
- Eu vou buscar uma bebida já vou lá ter.
Então eu dirigi-me à barraca das bebidas.
- Olá. – disse-me o Ryan.
- Olá. – disse eu e continuei a andar.
- Milie…
- O que é?
- Lamento pelo que aconteceu ontem, aquele não era eu.
- Passas muito tempo a pedir desculpas, mas as desculpas evitam-se.
- Eu sei. A ultima coisa que eu queria era ferir os teus sentimentos. O que aconteceu ontem não teve nada haver contigo.
- O quê que se passa contigo e com o teu primo? – perguntei.
- Não somos muito próximos. – respondeu ele. – É complicado.
- Tudo é complicado. Ele falou-me sobre a tua ex.
- O quê que ele te disse?
- Que tu a magoaste. Como é que ela se chamava?
- Georgina, e ela não é minha ex. Nunca fomos nada um ao outro e o que aconteceu já foi a algum tempo e todos nós já esquecemos.
- Parece que o teu primo não.
- Ele é complicado.
- Quando alguém nos magoa uma vez, aprendemos a ter cuidado para não voltar a acontecer.
- Eu sei. – disse ele.
- Está tudo bem Ryan. Eu entendo. Tu nem imaginas como eu entendo. Família complicada? Eu também tenho. Está tudo bem. Nós conhecemo-nos, tu ajudaste-me, conversamos e foi fantástico mas agora caímos na realidade e… - ele estava a olhar para mim muito fixamente. – Então…
Não consegui continuar um enorme nó formou-se na minha garganta, tive que sair de perto dele. Quando cheguei perto dos meus amigos estavam todos muito animados a conversar.
- Milie ainda bem que chegaste. – disse o Justin. – Íamos agora jogar bowling.
Então fomos todos jogar bowling.
- Ainda não me explicaste o que se passa contigo e com o Ryan. – disse o Tom com cara séria.
- Não se passa nada. – disse eu.
- Tu gostas dele? – perguntou-me, ele parecia preocupado.
- É complicado.
- Dizes isso porque estás com medo. Estás um pouco assustada, só isso.
O Tom tem razão. Eu estou com medo. É a primeira vez que estou a viver de verdade, estou a fazer amigos, a ir a festas e a até a apaixonar-me e tudo isto é uma novidade para mim e não sei como lidar com estes acontecimentos e sentimentos e praticamente estou a passar-me. É a primeira vez que a felicidade está a surgir, é a primeira vez que tenho a oportunidade de ter tudo, e estou a esconder-me por estar com medo. Mas eu não posso deixar que o medo me controle a vida.
- Tom eu tenho de ir fazer uma coisa. Vemo-nos depois.
Levantei-me e fui à procura do Ryan. Encontrei-o sentado num banco de jardim.
- Podemos conversar? – perguntei.
- Sim, claro. – disse ele levantando-se e colocando-se de frente para mim.
- Desculpa pelo que aconteceu à bocado.
- Estou feliz que estejas aqui agora. – disse ele. – O modo como deixamos as coisas, não gostei nada.
- Engraçado que ainda agora eu estava a conversar com o Tom e de repente percebi que o que estava prestes a dizer-lhe deveria dizer-te a ti.
- E o que é?
- Eu queria dizer-te que desde que cheguei a Forks a minha vida mudou bastante, fiz bastantes amizades e de repente passei a fazer coisas que nunca tive oportunidade de fazer, e realmente pensei que ia ter uma vida tranquila e feliz aqui, uma vida perfeita, mas a vida não é perfeita e eu tenho os meus problemas. Eu posso desistir, ficar no meu canto, sem dramas porque agora não é a hora e mesmo que as minhas razões não sejam razões e sim desculpas, o que eu estou a fazer é a esconder-me da verdade. E a verdade é que… estou com medo Ryan. Tenho medo que se me permitir ser feliz por um momento o mundo vai desabar e… não sei se vou sobreviver.
- Tu queres saber do que não me arrependo? – perguntou-me ele.
Eu acenei com a cabeça.
- Eu conheci uma rapariga. Nós conversamos e foi fantástico. Então o sol desapareceu e a realidade disse que… tudo isto é realidade. Aqui mesmo.
Depois lentamente ele foi-se aproximando de mim até que os nossos lábios se tocaram, e aquele momento foi mágico.